Rede Feminista convoca mulheres para ir às ruas por igualdade de direitos


Estamos convidando a todas e todos que lutam por uma sociedade os a diferença nao se transforme em desigualdade, para uma manifestação amanha, dia 8 de março a partir das 16h30h em frente ao posto UAI na Praça Sete, em Belo Horizonte.

Vejam abaixo um texto que escrevi para divulgar nossas lutas. 

Abraços

Dirlene Marques


QUE DEMOCRACIA É ESTA QUE EXCLUE AS MULHERES?

Você sabia que:
- as mulheres ganham 30% a menos do que os homens, e neste quesito o Brasil só perde para Angola?.
- a taxa de desocupação feminina foi de 7,9% e a masculina, 6,8%? Considerando apenas as mulheres negras, vai para 9%? E, na faixa de idade de 18 a 49 anos, para as mulheres é de 26% enquanto para os homens é de 19,7% (IBGE).
- são as primeiras a serem demitidas?
- o assédio é comum nas empresas?
- o preconceito contra a maternidade ainda é comum, não sendo contratadas mulheres grávidas ou são demitidas quando ficam grávidas (mesmo sendo uma medida inconstitucional)?
- a idade e a beleza física (padrão imposto), ainda são indicadores para contratação?
- o ajuste fiscal, com cortes na saúde, educação, moradia aumenta a jornada de trabalho das mulheres, que tem de enfrentar filas maiores em busca de atendimento?
- a mulher que trabalha fora de casa acumula ainda uma jornada doméstica de 21 horas semanais? Por isto, a reforma da previdência pune mais ainda a mulher, ao retirar a possibilidade de aposentadoria com menos tempo de trabalho.
- a moradia é precária ou  inexistente para o povo trabalhador. Na luta por moradia e nas ocupações, as mulheres são maioria. E não ter um CEP é motivo de discriminações nos postos de saúde, nas escolas, na busca por emprego.
- nas creches e nas escolas de educação infantil, não têm vagas para todas as crianças e nem têm horário integral?
É assim visível que, mesmo com conquistas históricas do movimento feminista, as desigualdades permanecem e oprimem as mulheres: no trabalho, em casa, nas ruas, em sua sexualidade, em todos os aspectos, enfim!
E agora, com a precarização da saúde publica, com a epidemia do Zika, com o aumento de crianças com microcefalia voltou na mídia a discussão sobre um tema para nós, muito caro: o direito ao aborto.

PRECISAMOS FALAR SOBRE ABORTO

No 8 de março as mulheres ocupam as ruas denunciando injustiças. Mesmo com conquistas históricas do movimento feminista, as desigualdades permanecem e oprimem as mulheres. Neste ano, a crise que atinge de forma perversa a todo o povo trabalhador, é muito pior para a mulher, como mostram os dados de desemprego, demissões, salários, dupla jornada, assédio. E o ajuste econômico também afeta em particular as mulheres e a maternidade: a crise na saúde impede a prevenção e assistência às vítimas do Zika virus, que pode causar microcefalia durante a gestação. Neste contexto, retomamos a discussãoo de uma questão muito cara a todas nós: o direito ao aborto.
"O aborto já é livre no Brasil. É só ter dinheiro para fazer em condições até razoáveis. Proibir é punir quem não tem dinheiro...Todo o resto é hipocrisia... Se não está de acordo, não faça, mas não imponha sua vontade aos outros." (Drauzio Varella)
Segundo a ideologia patriarcal a gravidez indesejada é culpa nossa, já que existem métodos para evitá-la. Esta ideologia escolhe ignorar que  que somos vítimas de violência sexual, dentro e fora de casa; somos pressionadas ao sexo sem camisinha; nem sempre temos acesso à educação em saúde e métodos contraceptivos que, mesmo usados corretamente, podem falhar. Para as mulheres pobres, majoritariamente negras, todos estes limites são muito mais severos. Mas a ideologia patricarcal escolhe ignorar que mulheres nunca engravidam sozinhas, como se a culpa fosse toda nossa. A gestação obrigatória é a punição. Mas temos responsabilidade, e por essa responsabilidade é que  recorremos ao aborto. Temos responsabilidade com nossa vida, a vida de nossas famílias, e a vida humana em potencial que resulta da gravidez. Por isso questionamos: se o patriarcado impõe a nós a tarefa de cuidar de filhos, por que não permite  decidir tê-los ou não tê-los?
Uma pesquisa da UNB mostrou que 15% das mulheres em idade de 18 a 39 anos já fizeram pelo menos um aborto. Isto projetado, significa 5,3 milhões de abortos por ano. Pela lei, estas mulheres deveriam ir para a cadeia. Queremos viver em um estado em que mulheres são castigadas porque se recusam a serem mães contra sua vontade? Acreditamos que não.
A luta histórica das feministas pela legalização do aborto visa garantir o direito das mulheres decidirem sobre seus corpos, seus planos, seu futuro. Essas decisões não são de competência do Estado ou igrejas, elas são nossas. Por isso insistimos: Impedir o diálogo sobre o aborto e cercear direitos é é estratégia de controle, de dominação. É nesta lógica que se baseia a violência que vai desde o controle das opções e escolhas das mulheres  até o feminicídio. Por isso, estamos na luta e queremos falar sobre isso. Queremos falar das nossas vidas, da nossa auto-determinação, do nosso direito humano básico à liberdade. Esta é a discussão.

Dirlene Marques

Rede Feminista de Saúde - Regional Minas


"Um outro mundo é possível. Um outro Brasil é necessário"


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